Tarte de framboesas em creme de leite (saudável; fit; sem açúcar; sem glúten)


Confesso-me com vontade de rir a escrever esta receita aqui no blogue. Muitos de vós que me vão ler viram o desastre que foi uma das vezes que fiz esta receita, que não era a primeira, mas que tinha sido decorada e preparada para fotografar. Não faço ideia o que me aconteceu naquele dia, talvez estivesse distraída e não tivesse colocado corretamente os ingredientes (depois de ver que a base não estava perfeita fiquei um bocadinho nervosa, isso é uma verdade).
Um creme que está muito fluido numa base que já não está perfeita, foi o desastre total. Estava boa, mas não consegui tirar uma única fatia direita do principio ao fim!
Desastres á parte, vou então falar-vos desta fabulosa tarte.




É sem duvida uma das preferidas cá de casa e não estou a referir-me ás framboesas.
Há uns anos atrás não se ligava muito a esta questão da alimentação saudável. Aqui em casa, já em consequência do que se passava na casa dos meus pais, havia cuidado, mas não propriamente na escolha dos ingredientes, esses eram os que havia no mercado normal, era na confeção que havia preocupação de não cometer excessos.

Não é preciso recuar muitos anos para saber que grande parte dos alimentos que hoje tenho na minha despensa não se encontravam no mercado tradicional, nem mesmo nos grandes supermercados. Eu já tenho alguma idade, mas também não sou assim tão velha. Quem vivia em lugares mais pequenos, longe das grandes cidades, como era e é o meu caso, nem sabia que existiam.

Esta tarte já faço desde esse tempo. Desde o tempo em que não havia zona bio/saudável nos supermercados, em que a alimentação saudável era pouco mais que não comer fritos, não exagerar no açúcar, sobremesas só ao fim de semana, e por aí em diante.




Fazia a base com farinha de trigo, azeite e mel. Eventualmente punha nozes moídas. O creme era praticamente igual ao que aqui fiz, á base de leite, maisena, ovos e ingrediente adoçante, que tanto podia ser mel como açúcar.

Hoje em dia faço algumas alterações que têm que ver com o estilo de vida que adotei, mas faço questão que o sabor se mantenha.

Se aqui terminei com framboesas, já aconteceu faze-lo com outras frutas. Não há nada que aqui não fique bem, é só puxar pela maginação. Afinal de contas, é apenas um creme de leite. Lembro-me de fazer compota de maça e peras e colocar por cima desta tarte. Ficava simples de aspeto exterior, mas acreditem que o sabor é fantástico.



O que podem trocar nesta receita?
⇨No caso da base, a farinha de amêndoa pode ser trocada por farinha de qualquer fruto seco oleaginoso que prefiram ou ainda por mais flocos de aveia. Se tiverem necessidade de usar flocos de aveia sem glúten, não há problema. O ingrediente adoçante da base também pode ser o que preferirem, depois acertaram a textura com água no fim.

⇨No caso do recheio, podem usar bebida vegetal no lugar do leite. Também podem usar o ingrediente adoçante que preferirem, aqui uma chamada de atenção para os que sejam muito escuros ou sabor muito intenso, estou a lembrar-me do xarope de tâmaras, e vão alterar a cor e o sabor.

⇨No lugar do agar agar que usei podem usar somente maisena ou polvilho doce. De resto, era assim que eu fazia antigamente. A quantidade muda para 4 colheres de sopa de maisena ou polvilho doce.



Por falar em agar agar, a razão da utilização no lugar de mais amido é muito simples. Muitos de vós, tal como me aconteceu durante muito tempo, têm alguma resistência a usar o agar agar, uma alga, em vez de gelatina ou, como neste caso, substituto de maisena para engrossar molhos. Porque é caro, porque temos de adaptar as receitas ao seu uso. Eu fiz as contas e cheguei á conclusão que o agar agar não é mais caro que a gelatina, apenas o investimento inicial é maior. É que precisamos de uma pequena quantidade para fazer o mesmo que gelatina. O agar tem 3 vezes mais poder gelificante que a gelatina comum. Para engrossar molhos é igual, uma pequena quantidade é suficiente. Se fizerem as contas como eu fiz, chegam á conclusão que poupam em usar o agar.

O agar não tem corantes, aditivos alimentares nem ingredientes animais. Não tem qualquer sabor, logo, não altera em nada o sabor dos nossos doces ou cozinhados.

Este ainda é um produto com vários benefícios para a saúde, para além de ajudar no emagrecimento. É que 94% das fibras desta alga são solúveis, que é o mesmo que dizer que ajudam na regularização do função intestinal. É muito pobre em calorias, menos de 3 por grama, o que ajuda a reduzir as calorias totais numa sobremesa como esta ou noutras circunstâncias.



Falta falar-vos dum assunto que de resto já falei no blogue em outras receitas, mas acho que vale a pena aqui recordar.
Em muitas receitas de tarte é necessário assar a base antes de colocar o recheio. Muitas vezes acontece-nos a massa ganhar "bolhas", mesmo que a furemos com um garfo. Para além disto, também acontece muitas vezes a base ficar demasiado tostada nas bordas, por conta das duas vezes que vai ao forno.

Existe um método fácil para  evitar estas duas situações. Eu nem sempre faço, mas lembro-me bem da minha mãe fazer isto sempre!! A ideia é cobrir a massa, depois de entendida na forma, com papel vegetal ou de alumínio, forrando toda a superfície e depois colocar um pouco de peso em cima. 
Que peso é este? Podem ser feijões, grão ou até massas secas ou arroz. O peso fará com que a base não forme bolhas de ar.
 Eu usei feijão e a folha de papel vegetal que já tenho guardado para este efeito, ou seja, não coloco um feijão e uma folha de papel vegetal novos todas as vezes que uso este método, guardo dumas vezes para as outras. Uso e guardo dentro dum saco. Posso dizer-vos que tenho o mesmo papel vegetal com o mesmo feijão para este efeito há pelo menos 2 anos.


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Vão precisar de:
Base
  • 180g de flocos de aveia (sem glúten se necessário)
  • 80g de farinha de amêndoa* 
  • 1 ovo
  • 4 colheres de sopa de ingrediente adoçante que prefiram (usei xilitol)
  • 2 colheres de sopa de azeite**
Recheio
  • 500ml de leite ou bebida vegetal a gosto
  • 2 ovos
  • 3 colheres de sopa de amido de milho (maisena) ou polvilho doce
  • 1/2 colher de chá de agar agar (1g)***
  • 4 colheres de sopa de ingrediente adoçante que prefiram (usei 3 de xilitol e 1 de mel)
  • baunilha ou raspa de limão a gosto (opcional)
  • 100g de framboesas frescas ou congeladas
*Podem trocar por qualquer outro fruto seco oleaginoso triturado em farinha ou mais flocos de aveia
**Colocar 4 colheres de sopa de azeite se optar por usar só flocos de aveia
***Podem trocar por mais 1 colher de sopa de amido de milho (maisena), fazendo um total de 4 colheres de sopa. Também podem usar a proporção de 2 colheres de sopa de amido de milho e 1 colher de chá de agar agar.

Confeção:
(fotos de confeção no fim)
Base
  1. Pus o forno a aquecer a 170ºC. Untei uma forma de fundo amovível de 23cm de diâmetro.
  2. Coloquei os flocos de aveia no processador de alimentos e triturei em farinha. Adicionei os restantes ingredientes e voltei a triturar até fazer uma espécie de crumble. 
  3. Aos poucos, 1/2 colher de sopa de cada vez, adicionei água até formar uma bola de massa.
  4. Passei a bola de massa para a forma untada e estiquei sobre o fundo e lados (nota: esta massa é ligeiramente peganhenta; untem os vossos dedos com azeite ou molhem em água para a espalhar na forma).
  5. Piquei com um garfo a superfície e tapei com papel vegetal coberto com feijão (opcional; ver dica na introdução).
  6. Levei ao forno a assar 12 minutos. Deixei arrefecer antes de colocar o creme.
 

Recheio
  1. Coloquei todos os ingredientes num tacho, á exceção do agar agar e das framboesas. Bati bem com um batedor de varas até estar bem diluído.
  2. Levei ao lume, brando e mexendo com frequência, até ferver 2 minutos e estar num creme.
  3. Diluí o agar numa colher de sopa de água. Retirei o creme do lume, adicionei o agar diluído e devolvi ao lume para ferver mais 1 minuto.
  4. Verti o creme de leite na base (nota: se fizerem só com maisena o resultado é um creme mais espesso do que o que está na foto abaixo).
  5. Dispus as framboesas sobre o recheio e levei ao forno mais 12 minutos (se usarem framboesas frescas este passo é opcional, no entanto, vai deteriorar-se mais rápido).



Tão simples, tão bom...


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