Não sou fã de pudins de forno, ou melhor, não costumava ser fã de pudins de forno, pois eles vêm quase associados a caramelo, ou seja, a açúcar. Será que tem mesmo que ser assim? Parece que não. Fiz esta receita quatro vezes praticamente seguidas. Não se preocupem, não nos enjoámos nem engordei, é que este pudim é mesmo muito leve, seja no sabor, seja nas calorias. Fiz todas estas vezes para testar a proporção dos ingredientes e também a forma de não fazer um caramelo.
Começando precisamente pelo caramelo (ou não caramelo), depois do primeiro, feito numa forma de silicone tal como a que vão ver lá em baixo nas fotos de confeção, testei o método em forma tradicionais do tipo de queque, seguiu-se a experiência em ramequins, forma que não é antiaderente. Consegui o mesmo resultado na forma de queque, com o método que já vos falo a seguir, mas, para os ramequins, ou seja, uma forma que não seja antiaderente, tive de untar com gordura.
Feito em forma individual |
Feito em ramequim (desformado quente, que não deve acontecer)
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O método é pincelar a forma com um pouco de mel ou agave ou qualquer xarope adoçante, por exemplo, xarope de acér ou geleia de arroz ou geleia de coco. O que funciona melhor, porque agarra mais á forma, é o mel, ainda assim, o agave portou-se muito bem.
Super fácil, não tem qualquer complicação, mas não são só "rosas", também há "espinhos". É que apesar de conseguir o mesmo resultado em termos de confeção, o aspeto exterior não é o que estamos habituados a ver, ou seja, não fica douradinho por fora. Esse problema não consegui resolver. Não acho que seja essencial, e até me lembrei de algumas técnicas que podiam dar esse efeito, no entanto, perderia o sabor ao tradicional pudim de laranja.
E este é um tradicional pudim de laranja! A minha mãe fazia o melhor pudim de ovos do mundo! Era tão bom! Quase todos os domingos havia pudim de ovos lá em casa. A determinada altura já era a minha irmã Vanda a fazer. Parece que a estou a ver a bater os ovos com o leite enquanto a minha mãe preparava a forma. Falei do leite e é do leite que vou falar a seguir.
Uma das razões que fazia o pudim de ovos de antigamente especial era o uso de leite gordo fresco. Não era leite pasteurizado, ainda não havia, o leite era fresco, abríamos o pacote e fervíamos logo. Esse é o leite ideal para fazer pudim. Mais tarde, quando queria fazer os pudins da minha mãe, eu usava metade natas e metade leite para conseguir a mesma textura no produto final.
A Terra Nostra lançou um produto que me surpreendeu pela positiva e me fez voltar a ter vontade de fazer pudins, trata-se do Leite de Pastagem Inteiro, um leite a que não foi retirada a nata, retendo assim todas as vitaminas, os ácidos gordos de alto valor nutricional, sem qualquer adição. O leite é mais rico, nutritivo e saboroso. Se para beber é ótimo, para os meus pudins é ainda melhor.
Muitos de vocês perguntam-me muitas vezes se eu bebo leite de vaca. A resposta é SIM! Claro que bebo leite, porque é que não haveria de beber?! Não sou alérgica ao leite, nem eu nem ninguém cá em casa. Bebemos leite, comemos queijo, requeijão, etc. O que eu faço é uma gestão da quantidade de leite que bebemos, equilibrando com bebidas vegetais. Tal como todos os outros produtos de origem animal, cá em casa há uma espécie de racionamento dos mesmos.
Com o intuito de proteger o meio ambiente, a casa de todos nós, e sabendo que é importante para este fim diminuir o consumo de produtos de origem animal (atenção que diminuir não é eliminar!!!!), eu faço uma gestão de compras, consequentemente de consumo, de tudo que tem origem animal. Para isso tenho uma espécie de credito semanal para este tipo de produtos. O leite, por exemplo, compro 6 pacotes, uma embalagem, de leite de vaca e 4 pacotes, uma embalagem, de bebida vegetal. Eu e o meu marido não dispensamos o leite de vaca para beber, os meus filhos gostam de variar. Com esta quantidade e os gostos de cada um, faço a gestão entre o que bebemos e o que vai para sobremesas e papas de pequeno almoço.
Faço o mesmo para, por exemplo, ovos. Compro 12 ovos por semana. Se fizer uma quiche ou um suflé, onde vão logo 5 a 6 ovos, as sobremesas da semana passam a ver maioritariamente vegan.
Quando é que quebro estas regras? Em épocas festivas, como o natal, ou se tiver convidados (se for extremamente necessário), aniversario de algum de nós e pouco mais. Mesmo num caso como o que aconteceu estas duas ultimas semanas em que andei a testar este pudim, fiz em quantidades pequenas para não exceder o meu credito de ovos.
Este é o meu método para proteger o ambiente no que diz respeito a consumo de produtos de origem animal, mas não posso deixar de referir que também tenho em conta que muitos produtos de origem vegetal que consumimos, nomeadamente algumas marcas de bebidas vegetais, não são produzidas em Portugal, o que acarreta outro tipo de prejuízo para o ambiente pelo transporte.
Mudando de tema e voltando ao meu pudim, no que diz respeito ao cozimento o melhor é fazer em banho maria. Experimentei cozer de forma simples e, apesar de ter ficado bem, não estava tão bom como os outros, para além de que agarrou mais á forma.
Em relação ao ingrediente adoçante que usei no próprio pudim, experimentei com agave e com xilitol. O comportamento é igual, podem usar o ingrediente adoçante que preferirem.
É uma excelente alternativa para este natal, é uma fruta de época, é leve, a família vai gostar com certeza.
Vão precisar de:
- 500ml de leite (usei Leite de Pastagem Inteiro)
- 200ml de sumo de laranja (2 laranjas médias)
- 5 ovos
- 5 colheres de sopa de ingrediente adoçante que prefiram (usei xilitol; podem usar mel, agave, açúcar de coco, mascavado,...)
- 1 colher de sopa de mel ou agave ou xaropes/ geleias adoçantes para untar a forma*
(fotos de confeção no fim)
- Pus o forno a aquecer a 200ºC. Untei uma forma de silicone com 1 colher de sopa de agave (*ver outras alternativas na introdução). Pus cerca de 1 litro de água ao lume a ferver para o banho maria do pudim.
- Numa tigela bati os ovos com um garfo (pode ser um batedor de varas manual). Adicionei o sumo, o leite e misturei. Acrescentei o adoçante e voltei a misturar.
- Coloquei a forma dentro duma assadeira. Verti o pudim na forma. Coloquei a água que estava a ferver na assadeira (deve ocupar 2 dedos de altura) para fazer um banho maria.
- Levei ao forno 35 minutos (30 se fizerem em formas individuais). Desliguei o forno e deixei lá dentro mais 10 minutos.
- Retirei do forno e coloquei no frigorifico durante a noite (mínimo 6 horas).
- Para desformar, soltei as bordas com uma faca. Virei sobre a forma.
Nota: Sugiro que façam uma cobertura com uma calda de laranja. Basta levar ao lume sumo de 1/2 laranja, rodelas de 1/2 laranja e 1 colher de sopa de xilitol ou outro ingrediente adoçante que prefiram. Deixar ferver alguns minutos. Deixem arrefecer antes de colocar em cima do pudim.
Tão simples, tão bom...
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