Leite de creme era o seu melhor doce. Diria que o leite de creme dela era famoso na nossa pequena cidade, toda gente conhecia o leite de creme da D. Manuela. Eu sei fazer e já fiz, muitas e muitas vezes. Ela tinha um segredo e nós filhas sabemos qual é. A minha irmã Vanda é agora a "dona" do leite de creme, é ela quem faz nas nossas festas de família. Claro que vos estou a falar da receita tradicional feita com gemas, amido de milho, leite e açucar, não é nada daquilo que eu faço atualmente.
A três dias do dia da mãe, dia em que eu nunca consigo estar feliz, mesmo depois de 18 anos da minha mãe ter ido embora, mesmo com dois filhos de 21 e 17 anos, resolvi fazer uma sobremesa que me fizesse lembrar da presença dela. Não será a sobremesa de domingo, nem sei se vai haver sobremesa no domingo já que na véspera é o baile de finalistas da minha filha Camila, mas foi a sobremesa uns dias antes.
Não podia estar mais feliz com o resultado, ficou exatamente aquilo que eu queria, sem pôr nem tirar. A base está extraordinária, das melhores bases que já fiz para este tipo de sobremesas, o recheio é apenas um cheesecake clássico, que até já partilhei outras vezes aqui no blogue, mas que alterei ligeiramente a proporção de ovos e amido de milho para, precisamente, saber mais a ovos. E não é que o açucar queimado em cima lhe deu mesmo o sabor a leite de creme?! Sim, porque o leite de creme da minha mãe era queimado, ao contrário daquele que eu hoje em dia faço, que não queimo.
Nutricionalmente é o costume: um cheesecake altamente equilibrado, bem longe da tradicional sobremesa calórica. Uma sobremesa muitíssimo proteica, sem qualquer exagero, sem qualquer excesso. Todos os ingredientes foram cuidadosamente escolhidos no sentido de retirar calorias para que todos possam comer uma fatia, se não grande (eu não como grande e sou bem magrinha), que seja média como foi a minha.
Tenho o aliado do costume nestas coisas dos cheesecakes: o queijo fresco batido 0% mat. gorda. Costumo chamar-lhe: pura proteína. Nos cheesecakes sem forno não dispenso juntar queijo creme, ainda que magro, mas nestes não acho necessário e, no caso deste sabor a leite de creme ainda menos, quanto mais leve melhor. A única coisa que pretendia que sobressaísse era o sabor a ovos e isso eu consegui.
No que diz respeito á execução, pouco ou nada há a dizer de tão fácil que é. A base podem trocar por qualquer uma á vossa escolha ou trocar os ingredientes conforme vou mencionar na lista. Entendam que é preciso formar uma massa mole e que forme uma bola, ao contrario dos cheesecakes sem forno que são bases de "massa solta".
O recheio só requer uma única atenção: não bater. Não é que vá estragar alguma coisa, apenas vai criar bolhas de ar que não são muito bonitas. Claro que a misturar, e estando lá ovos, acabam sempre por aparecer algumas, mas se mexermos cuidadosamente minimizamos esse efeito.
O forno vai a 160ºC para evitar que ferva ferverosamente e rache, tenham atenção a esse pormenor.
Base*:
- 1 chávena de amêndoas (ou outro fruto seco oleaginoso que prefiram ou ainda aveia)
- 1 chávena de passas de uva (ou tâmaras secas ou ameixas secas ou alperces ou figos)
- 1 chávena de farinha de aveia (ou outra que prefiram- amêndoa, trigo sarraceno,...)
- 1/2 banana pequena (ou 1 colher de sopa de iogurte natural)
- 500g de queijo fresco batido 0% mat. gorda (queijo quark)
- 200g de iogurte natural
- 5 ovos
- 2 colheres de sopa de amido de milho (maisena) ou polvilho doce
- 6 a 8 colheres de sopa de ingrediente adoçante que prefiram (usei metade mel e metade stevia em pó)
- aroma de baunilha ou raspas de 1/2 limão (devem usar o que gostam no leite de creme)
- 2 colheres de sopa de açucar de coco, ou brown sugar ou açucar mascavado para queimar
Confeção:
(fotos de execução em baixo)
- Untei e forrei com papel vegetal uma forma de fundo amovível de 22cm de diâmetro. Pus o forno a aquecer a 160ºC.
- Para a base coloquei as amêndoas no processador de alimentos e triturei até estar em farinha. Juntei as passas e voltei a triturar até estar numa espécie de pasta. Finalmente os restantes ingredientes e triturei até formar uma massa mole, mas que forma uma bola (juntar mais farinha se tiver muito mole, vai depender da vossa banana).
- Passei para a forma e pressionei sobre o fundo para fazer a base. Reservei.
- Para o recheio misturei bem todos os ingredientes com um batedor de varas manual (evitem bater para não ganhar muitas bolhas de ar).
- Verti sobre a base e levei ao forno 50 minutos. Abri ligeiramente a porta do forno e deixei arrefecer meia hora lá dentro antes de retirar para fora.
- Já ligeiramente arrefecido, desformei, polvilhei com o açúcar e queimei com o maçarico. Podem servir morno ou frio.
Tão simples, tão bom!
4 Comentários
Mais uma q estou a passar p fazer como sobremesa num dia especial :) Feliz Dia! Bjinhos.
ResponderEliminarVerdade, esta merece um dia especial. Fica muito bem numa mesa com a família reunida, faz lembrar tradições.
EliminarBeijinhos!
Muito boa tarde. Quando fala em chavena fala em aproximadamente quantas gramas? Obrigado!
ResponderEliminarBoa noite! Não se preocupe muito com as gramas, neste tipo de coisas não faz qualquer diferença. Repare numa coisa, os frutos secos não pesam todos o mesmo. As amêndoas não pesam o mesmo que as nozes nem que os cajus. Não lhe serve de nada eu dar-lhe o peso e não faz qualquer diferença neste tipo de confeção ter mais ou menos um bocadinho. A intenção é dar sabor e transmitir um pouco de gordura, um pouco mais ou menos não faz diferença.
EliminarPegue numa chávena e encha com um dos frutos secos que tenha em maior quantidade, ou que goste mais. Eu costumo escolher o que tenho a mais em casa. Tenho 3 nogueiras, logo, costumo ter nozes, mas só chegam do verão até ao Natal, gasto muito. A partir daí consumo o que tenho a mais ou o que encontro em promoção.