Também no ano passado, e até à dois anos atrás, várias foram as pessoas que me pediram para fazer uma receita saudável desta tradicional iguaria que está á mesa dos portugueses um pouco por todo o país. Não fiz, não me motivou fazê-lo. Para completar o facto de não apreciar, nunca passo a Pascoa em casa, aproveito sempre para viajar, pelo que não havia mesmo vontade para me dedicar a esta receita.
Este ano, e ainda a três semanas da Pascoa, mais desafios começaram a chegar para fazer esta receita. Cedi. Cedi pelos seguidores que me merecem toda a dedicação e respeito, e cedi por mim. Pensei: "ora, se eu não aprecio o folar tradicional, é logica fazer uma versão que eu vá gostar". E pronto, cá está ele.
O estudo começou por ver vídeos na net da versão tradicional. Vão-me desculpar, mas fiquei muito confusa, nenhum era igual ao outro. "Afinal, há ou não há uma versão tradicional?", foi o que me questionei.
Passei em frente e comecei a estudar uma possível receita, uma mistura de tudo que vi. O primeiro estudo foi para uma versão vegan, que espero conseguir realizar com sucesso e aqui partilhar, só depois veio esta com ovos.
O que vos gostava de dizer à cerca da confeção é muito simples. O segredo está na ativação do fermento. Ele quer tempo, não tenham pressa por favor quando estiverem a ativar o vosso fermento.
No que diz respeito ao amassar, não usei as mãos, usei a batedeira elétrica com as hastes em hélice. As mãos apenas serviram para "retirar" o ar no fim da massa levedada.
Há truques para acelerar as fermentações, claro que há. O calor é um deles. Mas não só. Muitos de vocês não sabem com certeza e fazem esse processo naturalmente, mas quando juntamos ao processo de ativação do fermento seco um ingrediente adoçante, seja ele que açucar for, estamos a "alimentar" o fermento. Até o facto de fazermos com leite em vez de água é um processo de aceleramento já que a lactose do leite também alimenta os fungos de que fermento é feito.
Eu usei 1 colher de sopa rasinha de açucar de coco neste processo, podem usar mais. Se acrescentarem farinha, uma colher de sopa, também ajuda a apressar este processo. O calor, esse, é essencial. O sal, tal como o calor excessivo é a morte do fermento.
Vão precisar de:
- 1 colher de sopa rasa de açucar de coco ou mascavado
- 2 e 1/4 colher de chá (7,3g) de fermento de padeiro seco (ex: fermipan)
- 300ml de leite (ou bebida vegetal)
- 2 ovos
- 80ml de mel ou agave ou 5 colheres de sopa de qualquer ingrediente adoçante da vossa preferência*
- 60ml de azeite
- 1 colher de sobremesa de canela
- 1 colher de chá de erva doce (opcional; podem trocar por raspas de laranja ou limão)
- 1 pitada de sal
- 560g de farinha de espelta**+ para polvilhar a bancada
- 1 gema de ovo batida com 1 colher de café de mel e 2 ovos cozidos na decoração
*Eu fiz o meu folar pouco doce. Como vêm na foto, este enorme bolo levou apenas esta pequena quantidade de ingrediente adoçante. Apesar de não ter tido reclamações das várias pessoas que o provaram, eu acho que não será demais usarem 7 a 8 colheres de sopa de ingrediente adoçante.
**Podem substituir uma parte desta farinha por outra que prefiram, por exemplo, aveia ou amêndoa, até à quantidade de 200g. Na 3ª repetição da receita substituí 160g de espelta por farinha de amêndoa e ficou fantástico.
Confeção:
(fotos no fim)
- Coloquei o leite numa tigela grande e levei ao microondas 20 segundos para que amornasse. (A temperatura ideal é de 40ºC; se não tiverem termómetro, eu não tenho, coloquem o dedo, deve estar à temperatura de banho).
- Retirei e juntei-lhe o açucar de coco e o fermento de padeiro seco. Misturei bem com o batedor de varas manual, tapei com um pano e deixei descansar em lugar quente por cerca de 15 minutos para que o fermento ativasse. (Terá de formar uma espécie de espuma e o cheiro é intenso a fermento. Por favor, não tenham pressa nesta parte, ela é essencial e a mais importante).
- Com o fermento ativo, juntei a este preparado os ovos, o mel, o azeite e o sal. Liguei a batedeira com as hastes em hélice montadas e bati para misturar bem.
- Aos poucos, uma chávena de cada vez, fui juntando a farinha, a canela e a erva doce, sempre com a batedeira ligada até formar uma bola. São cerca de 10 minutos a bater. Vão ver a massa a começar de descolar da tigela com o continuar de bater. Caso seja necessário, e só depois de insistirem a bater, acrescentem mais um pouco de farinha.
- Untei uma outra tigela com azeite, virei a massa para lá, tapei muito bem com pelicula aderente e reservei em lugar quente por cerca de 1 hora (um lugar aquecido da cozinha, junto ao fogão, por exemplo, é o ideal. A massa vai aumentar muito de volume).
- Polvilhei a bancada com um pouco de farinha. Virei a massa para lá e, um lado de cada vez, fui dobrando (amassar) a massa. Repeti várias vezes este processo de dobragem da massa.
- Retirei um pouco de massa para as decorações e com a restante fiz uma bola que coloquei em cima do tabuleiro forrado a papel vegetal.
- Inseri ovos cozidos na bola de massa. Com a massa reservada para decoração fiz rolos finos. Coloquei-os em cima dos ovos prendendo na parte de baixo.
- Tapei com um pano e deixei descansar mais 15 minutos, novamente em lugar quente, para que volte a aumentar de volume (para este passo costumo aquecer o forno a 50ºC, desligo e ponho o tabuleiro lá dentro).
- Pus o forno a aquecer a 180ºC.
- Bati uma gema de ovo com 1 fio de mel. Pincelei todo o bolo com esta mistura.
- Levei ao forno a assar 35 a 40 minutos.
Bom apetite!
2 Comentários
Mais uma receita alternativa, mas igualmente saborosa :) Há q encontrar novas formas de confeccionar os 'nossos' doces favoritos de modo a fazer-nos menos mal, mas sem deixar de os consumir de todo :) Bjinhos e obrigada!
ResponderEliminarOra em mais!!! Concordo plenamente!!! Agora disse tudo!
EliminarOntem fizemos a versão vegan cá em casa. Estamos ainda mais fãs. Eu que nunca comia folar, até ando "empanturrada" dele, ahaha.
Obrigada, boa noite!!