Pois é, eu sou serrana, nasci, cresci e vivi até ir para a universidade de Coimbra, em Seia, Serra da Estrela e sinto muito a falta de alguns produtos que lá se fazem sem igual. O pão é sem duvida um deles, seguido do meu querido requeijão. De facto, não há pão como o pão de centeio da minha terra. Aqui, na terra adotiva, não há nenhum que se compare, tudo é feito á base de trigo. Por muito que tentem disfarçar colocando-lhes sementes por cima, continua a ser um pão de trigo, sem corpo, sem alma.
Esta é uma receita simples, nada tem de especial nem de diferente de qualquer pão, até porque é assunto que não domino, só sei o básico.
Tenho as minhas estratégias para ele ficar bem e vou tentar lá em baixo na descrição contar-vos tudo.
Falta apenas dizer que não tenho por habito fazer qualquer adição no meu pão, salvo, se me lembrar, 2 colheres de sopa de farelo de aveia para o tornar mais integral. Deixo ao vosso critério a junção de sementes ou frutos, eu pessoalmente acho que não é necessário, este já é um pão muito rico.
O centeio, geralmente consumido na forma de farinha, seja para fazer bolos, bolachas ou pão, é um alimento rico em hidratos de carbono complexos, conhecidos pelos bons hidratos de carbono, já que contêm fibras e baixo índice glicémico. Para que entendam melhor o que estou a dizer, podemos fazer uma comparação farinha de trigo/ farinha de centeio com a batata normal/ batata doce. Hoje em dia todos sabem que a vantagem em comer batata doce em relação á batata normal, não se prende por uma questão de calorias, mas sim por o índice glicémico da batata doce ser muito menor. Com a farinha de centeio é a mesma coisa, contém muitas fibras e o seu índice glicémico é muito menor que a de trigo.
Estas fibras e hidratos de carbono complexos que o centeio contem são excelentes para quem deseja manter o corpo saudável e com poucas gorduras, já que estes dois nutrientes promovem a sensação de saciedade no organismo, tornando a digestão mais lenta, o que faz com que a energia oferecida por eles ao corpo seja consumida aos poucos e não corra o risco de se acumular na forma de gordura.
A farinha de centeio também é uma boa fonte de acido fólico, essencial para o bom funcionamento do sistema nervoso e reprodutivo.
A farinha de centeio não é livre de glúten, no entanto, tem muito menos que a de trigo.
É por esta razão que o pão de centeio é muito mais denso que o de trigo e também é a razão de crescer menos, o que ocorre porque o glúten é responsável por represar o dióxido de carbono gerado pela fermentação do açúcar.
Quanto á receita que vos aqui deixo, gostava apenas de vos dizer que já fiz noutra proporção, ou seja, já fiz com mais centeio e menos aveia (300 de centeio e 100 de aveia) mantendo tudo resto igual. Não há grandes diferenças no resultado final. A principal razão para optar por esta proporção, 250 de centeio e 150 de aveia, tem apenas que ver com o gasto do saco de farinha. Desta forma um saco dá-me para 2 fornadas.
Vão precisar de:
- 250g de farinha de centeio (2 e 1/2 canecas de 240ml)
- 150g de farinha de aveia* (1 e 1/2 caneca de 240ml; usei flocos de aveia triturados em farinha)
- 4,5g de fermento seco para pão
- 1 colher de chá de sal
- 300ml de água morna
* Podem trocar por farinha de trigo, por exemplo, farinha de trigo integral, se não gostarem do pão tão denso. Este é um pão mesmo muito pesado, já que a quantidade de glúten é muito pouca. Também é um pão que cresce pouco, pela mesma razão. Com isto quero dizer que podem fazer uma adaptação ou mistura de farinha dentro daquelas 150g que mencionei de farinha de aveia. Eu já fiz com trigo integral e fica de facto um pão excelente, menos pesado e denso que este.
Triturei os flocos de aveia em farinha e passei para uma tigela. Juntei a farinha de centeio, o fermento e o sal. Misturei bem com as minhas mãos.
Aqueci 300ml de água por 10 segundos no microondas. A água tem de ser apenas morna. Água quente destrói o fermento; água fria não ativa o fermento.
Aos poucos fui adicionando água á mistura de farinhas e amassando com as minhas mãos. Inicialmente a massa cola-se muito ás mãos, mas com o continuar de amassar ela vai-se soltando. Caso não esteja a soltar-se das mãos basta acrescentar mais água, 1 colher de sopa de cada vez.
Obtive uma massa bastante elástica e, como já disse, não cola ás mãos.
Fiz uma bola, tapei a tigela com um pano, e deixei descansar por 2 horas em lugar seco e quente. Ela vai dobrar de volume.
Retirei a massa da tigela e coloquei numa superfície polvilhada com um pouco de farinha que pode ser centeio ou trigo.
Nota: Ao contrario do que vos disse em cima antes da massa levedar, aqui, se a massa estiver a colar muito ás mãos, ponho farinha e não água.
Amassei um pouco para retirar o ar, dei a forma que queria (bolas individuais ou uma só bola). Passei para um tabuleiro forrado a papel vegetal, decorei (sementes ou flocos de aveia), tapei novamente com o pano e deixei descansar mais meia hora para que ele volte a crescer.
Pus o forno a aquecer a 200ºC. Também pus um tacho ao lume com um pouco de água para ferver. Quando o forno já estava quente, coloquei lá dentro o tacho com a água fervente e depois o tabuleiro com o pão. A água a ferver é opcional, apenas um truque para o pão não rachar tanto nem secar. Estamos a dar humidade ao forno. Só funciona com a água a ferver quando entra lá dentro.
Deixei cozer por 40 minutos os pães individuais e 50 o grande.
Guardo o meu pão embrulhado num pano de cozinha ainda morno.
Opção de pequenos pãezinhos👇
Bom apetite!
6 Comentários
Adorei a receita e fiz hoje, mas infelizmente o meu não cresceu. A massa não adquiriu essa consistência macia com a sua.
ResponderEliminarVou tentar novamente depois
Vou testar sua receita. Obrigada
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarDá pra fazer com farinha de trigo sarraceno?
ResponderEliminarComo ficou desta cor se nao houve adição de acuçar?
ResponderEliminarBoa noite! É a cor normal do centeio, nada tem a ver com açúcar.
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